Pessoal,
Há algum tempo venho experimentando em coronhas de madeira algumas das soluções e invenções que li aqui e ali. Depois de algumas tentativas e muitos erros, foi na base da experimentação que nesta semana finalmente consegui obter o brilho que buscava sem usar verniz ou goma laca.
Inicialmente, estas coronhas foram lixadas com cuidado observando seus contornos e o sentido das fibras da madeira. Iniciei com a lixa número 100 até chegar a de número 360 e finalizando com Bombril. Após cada lixamento, limpava a coronha com um pano bem molhado para levantar os pelinhos e após seca, lixava novamente usando uma lixa mais fina repetindo o processo até que os pelinhos não mais levantassem. A finalização com Bombril torna a madeira bem aveludada e ajuda a abrir os poros permitindo melhor absorção do óleo ou do stain.
Após este processo as coronhas foram trabalhadas de duas formas diferentes sendo uma delas com stain e outras duas com óleo. Ambas com o mesmo objetivo, i.e., proteger a madeira, tornando-a resistente a intempéries, suor, respingos de água e até mesmo óleo. E claro, deixá-las bonitas.
Na coronha da CBC 245 usei o stain a base de água da Brichwood na cor Walnut. Foram três demãos sem diluição até obter uma cor bem escura valorizando os contornos originais e preservados desta coronha e, ao mesmo tempo, “disfarçando” alguns detalhes e marcas do tempo. Depois das primeira e segunda aplicações lixei bem de leve com Bombril, deixando-a embaçada e após a terceira aplicação ficou secando por dois dias.
Na coronha da URKO usei o óleo de linhaça fervido da Wonder. Foram pelo menos seis aplicações com intervalo de 24 horas entre elas até que a madeira não mais absorvesse o óleo, sempre lixando com Bombril entre as aplicações. Depois da última camada a coronha ficou descansando por 20 dias período suficiente para que o óleo secasse completamente.
Na coronha da CBC B19-14 usei óleo de tungue. Uma novidade para mim, este óleo é bem espesso e para que a madeira o absorva é necessário usar as mãos que gera calor e facilita a absorção ao abrir os poros da madeira. Foram três demãos, lixamento com Bombril entre elas e após a última demão, a coronha repousou por oito dias o que foi suficiente para que o óleo secasse.
Depois destes processos em nenhuma das três consegui obter brilho apesar de lustradas à exaustão com diferentes receitas de cera. Ou melhor, até brilhavam, mas é um “brilho de móvel” e não o “brilho de piano” que buscava, repito, sem usar verniz.
Já estava quase desisitindo e me resignando ao verniz quando resolvi experimentar passar o Tru Oil por cima dos óleos e do stain. Porque não?
A primeira aplicação foi feita usando os dedos e logo veio aquele brilho. Não me empolguei muito porque este brilho também aparece ao aplicar óleo de linhaça ou de tungue e depois de um dia desaparecem. Para minha alegria, passadas 24 horas o brilho estava lá, impecável. Não acreditei que ficara tão bom. Daí, lixei levemente com Bombril até deixá-las embaçadas e apliquei novamente desta vem com um pano, tipo uma boneca e deixei secando por mais 24 horas. E o resultado vocês podem ver nas fotos a seguir (ainda que algumas delas não consigam mostrar todo o brilho por conta do dia nublado e das limitações da câmera, posso garantir que o resultado final ficou excelente).
Gostei também da proteção obtida. Fiz alguns testes, manuseando as coronhas com mãos sujas de óleo ou mesmo molhadas. Não mancharam e usando pano macio e seco as sujidades das coronhas foram facilmente removidas. Depois foi passar um lustra móveis e pronto lá está o brilho novamente. Muito bom.
Mas, o que isso traz de novo?
É que todas as informações que li sobre o Tru Oil indicam o seu uso direto na madeira ao invés do óleo que eu usara ou depois do stain e que seriam necessários pelo menos três ou mais demãos bem passadas para obter brilho no final do processo. Não li ou vi nada sobre seu uso como produto de acabamento.
Daí surge a primeira vantagem: usando desta forma, um frasco de 90ml dá para fazer o acabamento em pelo menos seis coronhas ao invés de três no modo, digamos, tradicional, pois usa-se pouco para obter brilho e proteção. Afinal, a coronha já está "selada" com os óleos usados anteriormente. Isso se traduz em um custo mais baixo por coronha. A “base” com óleo de linhaça fervido, por exemplo, fica barato também, pois um litro do produto da Wonder custa cerca de R$15,00 e dá para impregnar muita coronha.
A segunda vantagem e a que me parece mais interessante é que com esse processo simples e sem necessidade de técnicas especiais obtem-se um brilho muito, mas muito parecido com aquele obtido com verniz bi-componente para madeiras sem que tenhamos que usar pistola para aplicação, cuidados especiais com segurança e saúde, lixas específicas além da habilidade para fazê-lo e espaços maiores.
Bem é isso.
Abraços,
CBC B19-14
Antes
Depois de lixada
Resultado final
URKO
Antes
Depois
CBC 245
Coronha da Rossi, depois de tratada com o "Tru Oil Caseiro" foi finalizada com Tru Oil