GAS RAM - FORÇA DE AVANÇO E FORÇA DE RETORNO
Este texto vai dar o que falar, mas escrevo para tentar esclarecer aos atiradores que costumam me perguntar sobre qual é o Gas Ram mais adequado para determinadas carabinas, se de 45 kgf, 50 kgf, etc.
Como sabem, a minha resposta sempre é:
"Não é possível dizer com exatidão porque esses valores se referem à força para comprimir a mola e isso não diz muita coisa, é só referência usada pelos fabricantes, mas eles podem dizer a energia que cada mola produz".
Explico:
A força que interessa no Gas Ram é a força de retorno, que empurra o pistão e comprime o ar. Essa força pode ser 25% ou até 45% menor do que a força de avanço, que comprime a mola. Tudo depende da eficiência e da taxa de compressão e isso varia conforme o projeto de cada fabricante.
Complicado, não é mesmo?
Por isso, o que interessa é a energia do chumbinho ao sair do cano da arma, ou seja, a energia em Joules (J) que é resultado da velocidade e do peso do chumbinho.
Desde que surgiram, há mais de cem anos, as armas de pressão 'Springers' foram, e muitas ainda são, equipadas com molas helicoidais.
Pergunto:
Alguém compra ou vende mola helicoidal pela força de compressão, ou alguém se preocupa com a força desse tipo de mola em sua arma?
Algum fabricante de arma de pressão vende suas armas pela força da mola?
NÃO!
Então, por que se preocupar com a força de compressão da mola a gás (Gas Ram)?
Bom, isso só existe no Brasil.
É verdade que a força do Gas Ram se tornou referência entre os atiradores e é necessária como forma de o fabricante diferenciar e desenvolver os seus produtos, mas não serve como parâmetro de eficiência aos proprietários de armas de pressão, sem falar que a maioria não tem cronógrafo para verificar a velocidade e a energia do chumbinho com determinada mola.
No caso das molas helicoidais, elas geralmente tem força de retorno em torno de 50% da força de avanço (compressão), mas ninguém faz ideia da força da mola em sua arma de pressão, até porque isso não é importante.
Importantes são a energia do chumbinho ao sair do cano, a intensidade do recuo, a vibração e o conforto ao engatilhar.
Mas esses fatores não dependem só da força de avanço ou compressão da mola, dependem da curva de pressão e da eficiência da mola, de modo que molas de fabricantes diferentes podem resultar em energias diferentes mesmo com a mesma força.
Quanto à força de engatilhar e o recuo, se por exemplo uma mola com força de compressão de 50 kgf tiver taxa de compressão mais alta do que uma mola de 60 kgf, ela apresentará recuo maior e a arma será mais difícil de armar, apesar de a sua força inicial de compressão ser menor.
Outro exemplo comum que podemos citar é o de dizer que bloco de polímero não aguenta mola de determinada força de compressão. Isso é falácia, visto que a força de retorno é bem menor e de qualquer forma não transmite esforço para o bloco, então, o bloco poderia não resistir à força para engatilhar, mas isso não ocorre e a dificuldade ou facilidade de armar depende da taxa de compressão e não somente da força de avanço inicial.
Sim, o assunto é bastante complicado e sei que para muitos é tão difícil de entender quanto é para eu explicar sem usar linguagem técnica.
Contudo, temos a obrigação de esclarecer e acabar com os mitos, e avaliar a eficiência das molas a gás somente pela força inicial de compressão pode se tornar mais um mito como o das molas duplas e triplas, e mais uma vez criar informação falsa.
Isso posto, concluo dizendo que a mola do fabricante A pode ter desempenho diferente da mola do fabricante B, mesmo que a força de compressão seja igual e é muito mais fácil ter um cronógrafo para medir a velocidade do chumbinho e assim determinar a sua energia, do que ter equipamento para medir as forças de avanço e de retorno da mola. Pensem nisso.
Atire para acertar!
FONTE e Autorização FÓRUM CA: Nelson L. De Faria