POTÊNCIA E TRAJETÓRIA

[Macedo]

POTÊNCIA E TRAJETÓRIA

Este texto trata da influência da potência da arma de pressão na trajetória do chumbinho e remete à velha discussão sobre potência e precisão, já abordada nesta página.

Então, vamos relacionar os assuntos e incluir as variáveis da balística para podermos chegar à conclusão final.

Geralmente discutimos a respeito da trajetória do chumbinho quanto à sua curva balística que nos leva à compensação da visada a longo alcance pela sua queda.

Sabemos que Coeficiente Balístico (CB) mais alto resulta em trajetória mais plana para a mesma energia do chumbinho. Isso porque a energia é resultado da massa do chumbinho e da sua velocidade.

Mas, sabemos também que a trajetória é resultado da velocidade e do CB do chumbinho, independente da massa, ou seja, chumbinhos de mesmo CB com velocidades mais altas apresentam a curva balística menos acentuada, em outras palavras, caem menos.

No entanto, isso se refere à curva da trajetória no plano vertical, onde apenas a elevação e a queda do chumbinho em relação à linha de visada são consideradas.

Necessariamente, o CB mais alto não resulta em melhor precisão a longo alcance, pois há outras variáveis, como o acabamento e o balanceamento do chumbinho.

Porém, isso ainda não vincula a trajetória do chumbinho à potência, visto que há outro fator importante a ser considerado, que é o vento.

O vento é responsável pela trajetória em relação ao plano horizontal, e também nesse caso, quanto maior a velocidade do chumbinho, menor a curva, se adotado o mesmo CB.

Sendo a velocidade responsável pela trajetória, quanto mais alta a velocidade, menores serão as curvas vertical e horizontal, ou seja, menor queda e menor desvio devido ao vento, se considerarmos o mesmo tipo e calibre de chumbinho.

Assim, podemos concluir que armas mais potentes disparam chumbinhos com trajetórias mais planas, e portanto, são mais precisas a longo alcance.

Como?

Isso mesmo, armas mais potentes disparam chumbinhos com velocidades mais altas, dessa forma, caem menos e ficam menos tempo em voo até atingirem o alvo, sendo menos afetados pelo vento.

Dada esta constatação, o calibre 4,5 mm sempre desviaria menos do que o calibre 5,5 mm, mas isso só ocorre até certo ponto. Em armas de pressão springers, a partir de 230 m/s, o calibre 5,5 mm desvia menos pelo vento do que o calibre 4,5 mm a velocidade mais alta, se considerarmos chumbinhos de mesmo CB.

Isso acontece porque a variável massa é inserida. O chumbinho calibre 5,5 mm geralmente tem o dobro da massa do chumbinho 4,5 mm e a partir de certa velocidade, que estudos comprovam estar acima de 230 m/s ele retém mais energia, considerando que a velocidade máxima ideal para evitar turbulência e assegurar a precisão do calibre 4,5 mm é 290 m/s, e também considerando que o arrasto aerodinâmico é bem maior para velocidades mais altas.

Este fator justifica as springers magnuns trazerem mais vantagens no calibre 5,5 mm, principalmente por se destinarem aos tiros à longo alcance, e apesar de a trajetória no sentido vertical ainda constituir curva mais acentuada do que o calibre 4,5 mm, o desvio devido ao vento é menor nesse caso, em função da massa maior e da retenção de energia também maior.

À exceção das springers da classe magnum, na classe de alta potência, até 23 Joules, o calibre 4,5 mm desvia menos pelo vento, se comparados com chumbinhos de CB iguais, apesar de o calibre 5,5 mm reter mais energia.

Portanto, ao considerarmos a relação Potência x Trajetória, concluímos que a afirmação de que Potência e Precisão não andam juntas é MITO.

Esse mito que infelizmente ainda é espalhado entre os atiradores é oriundo do uso de carabinas springers de má qualidade e também do uso de chumbinhos muito leves que ao adentrarem a zona de turbulência da velocidade do som ou deixarem o cano com velocidade supersônica e reduzindo para a velocidade sub-sônica durante a trajetória, se tornam imprecisos.

Existe também a confusão entre Precisão e Acuidade. Armas de pressão de mola, com alta potência, apresentam recuo maior e isso exige melhor controle pelo atirador, que pode ter dificuldade em obter melhor acuidade nos tiros, ou seja, a potência mais alta nas springers sofre maior interferência do fator humano.

Em função desses fatores, são recomendadas armas leves e de baixa potência para tiros a 10 metros, onde a tolerância na pontuação é menor e os tiros são disparados com o atirador em pé e sem apoio, enquanto que os tiros a longo alcance exigem apoio da arma para assegurar bons acertos e agrupamentos, e nesse caso se usam armas de alta potência.

Ainda sobre a relação Potência x Precisão, as carabinas PCP são a maior prova de que essas duas variáveis podem se somar, afinal, é possível agrupar em menos de 2 MOA com uma boa PCP de 40 Joules a 100 metros, coisa que seria impossível se a alta potência prejudicasse a precisão, como muitos foram levados a acreditar.

Concluindo, a alta potência favorece a melhor trajetória e para obter a melhor precisão, basta adicionar a qualidade, tanto na arma quanto no chumbinho.

NOTA:
Esses conceitos são os mesmos para os projéteis das armas de fogo.

Atire para acertar!

FONTE e Autorização FÓRUM CA: Nelson L. De Faria