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Que valor tem uma medalha?


Victor Bayma

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Recentemente, em um grupo de mensagens eletrônicas composto por atletas e agentes do Tiro Esportivo brasileiro eu testemunhei uma conversa onde alguns atletas estavam contestando "o cuidado e o carinho" da CBTE em relação a não repetir os mesmos modelos de medalhas do ano passado. Um dos envolvidos chegou a protestar com tom de indignação sobre o fato de que a Confederação não mudou o modelo para o ano de 2018, chegando a perguntar (fazendo referência ao comentário de um dos agentes) se "isso é falta de criatividade" (com três pontos de interrogação) e concluiu dizendo que "isso é desestimulante" (com três pontos de exclamação).

Eu concordo que seria muito bacana se a CBTE confeccionasse novos modelos de medalha a cada ano, e acredito que esse é o consenso entre os demais atletas, no entanto nenhum dos colegas perguntou aos agentes que estavam envolvidos na discussão o porquê da entidade manter o mesmo padrão. Talvez fosse para não jogar fora as medalhas remanescentes de uma compra econômica com muitas unidades. Seja como for, e embora eu concorde com os colegas, o que me impressionou foi a forma um tanto autoritária de solicitar mudanças, comparável a incitar um motim, visto que os comentários foram feitos através de uma mídia não oficial da CBTE.

Quando um atleta ganha uma medalha e sobe ao pódio uma nação inteira é capaz de comover-se em grande alegria - principalmente o atleta - ainda mais se for uma de ouro! Uma medalha é, talvez, o maior símbolo de uma conquista esportiva, ela está associada a toda a labuta, abnegação, obstinação, gana, e dor que um atleta sentiu para chegar entre os três melhores de uma disciplina esportiva.

Entretanto, com toda a importância que é atribuída aos símbolos da conquista, um atleta geralmente só faz o seu nome quando realiza feitos de grande expressão. Enquanto ele não conseguir vencer um grande evento toda a labuta, abnegação, obstinação, gana, e dor remanescem desconhecidas. O atleta sofre calado até o seu grande momento.

Coincidentemente, pouco antes de tomar ciência da referida polêmica eu estava estudando alguns artigos da ISSF (Federação Internacional do Tiro Esportivo) escritos por Ed Etzel e Uwe Riesterer sobre Autoconfiança. O atleta é o indivíduo que tem sede de superação, ele está sempre tentando fazer melhor, e segundo os referidos artigos, normalmente ele baseia todo o seu sucesso em resultados formais: pontuações, recordes e medalhas. Entretanto estes não são os únicos indicadores de desempenho. Segundo os autores, aqueles são os indicadores formais, porém existem indicadores que, embora não fiquem registrados na história, são de experiências muito significativas para o aprendizado do atleta. Dentre outros, destaca-se o estado de fluxo!

Alguns atletas relatam que foram capazes de concentrarem-se extremamente, tendo poucas distrações e atirar aparentemente com pouco esforço consciente. Como já fora relatado por um deles: "É como se eu estivesse em piloto automático". Nestes momentos de fluxo, em que os atletas estão com máxima atenção no aqui e agora são capazes de ter performances de pico.

Vários autores já escreveram sobre o estado de fluxo, e o mais antigo a pisar na Terra - Lao Tsé - legou-nos o Tao Te Ching! Mais recentemente na história grandes psicólogos como Csikszentimihalyi e Abraham Maslow também fizeram suas contribuições sobre os estados de fluxo linkando-os às experiências de pico. 

Em minha experiência pessoal já fui capaz de experimentar estados de fluxo, chegando a fazer, por exemplo, uma sequência de 12 tiros no dez, na modalidade de Carabina de Ar ISSF (no meu nível atual isso é uma façanha). Já pude fazer 294/300 na modalidade Carabina Mira Aberta de Ar em um evento à parte no meu primeiro ano de Tiro Esportivo sem ter tocado na minha arma durante dois meses, pois estava em manutenção. Quando se está em fluxo, nada mais importa, você sente alegria de estar vivo, de estar vivenciando o momento presente e quer agradecer por isso. É um estado de arte, onde proezas acontecem.

Então existe muito mais entre o céu e a terra do que puramente pelejar pela vitória e ostentar medalhas. A cultura de que autoestima é igual a realizar feitos (vencer) é uma problemática que permeia não só o Tiro Esportivo como todos os contextos humanos possíveis e imagináveis, pois está pautada no ego. A todo instante somos julgados pela posição que ocupamos e isso afeta diretamente a nossa autoconfiança e autoestima, porque se não estamos no pódio, então somos julgados como sendo ninguém, e se dentro do pódio não pisarmos mais alto, então tem alguém pisando em nós. Essa é a métrica terrestre.

Se deixarmos ideias como estas entrarem em nossas mentes (e corações), desenvolveremos o que os autores chamam de critical parent, ou "o crítico". O crítico vai criar um monólogo mental altamente negativo, fará você ter medo de errar o alvo, e você vai errar; fará você subtrair os pontos perdidos durante a prova, e você vai perder mais ainda, etc. Atualmente isso leva o nome de autossabotagem. Tudo porque você deixa que os outros julguem você pela quantidade de medalhas e de feitos, e consequentemente acaba julgando seus próprios colegas pela mesma régua. Então como sair disso?

Primeiro de tudo é acabar de vez com essa métrica de feitos. Ter humildade para reconhecer que embora você tenha dias de excelente performance, você também tem dias ruins no estande, e que é assim com todos. Cada dia em que damos o nosso melhor, isto sim, é um vitória! Precisamos entender que o sucesso é uma viagem e não um destino. Então, de forma simplista, temos que o atirador de nível olímpico tem 1459 dias de pura dedicação até o seu 1460º dia, quando em poucas horas pode receber uma medalha ou não. Se ele for o primeiro colocado, então é uma benção que todos louvam, mas e se ele terminar em 4º? Será que todo o seu esforço foi-se em vão? Será que ele não cresceu como atleta e como pessoa em todo esse tempo de preparação?

Se ele estiver medindo seu sucesso pela métrica tradicional ele estará arrasado! Tal como relata o campeão olímpico Abhinav Bindra em seu livro, A Shot At History, quando ele perdeu a Olimpíada de Atenas em 2004. Porém se o atirador em questão estiver medindo o seu sucesso com relação ao quanto ele aprendeu, melhorou, cresceu, amadureceu, ajudou seus colegas e o quanto ele fruiu até chegar ao dia-D, aí sim, a partir desta perspectiva o atirador conservará sua auto-apreciação e paz de espírito intactas, e principalmente: será humilde para com os demais. 

Um exemplo marcante para mim surgiu enquanto assistia à pole-position, e depois, à corrida do circuito de Marina Bay da Fórmula 1 em Singapura, 2018. Na pole, Lewis Hamilton classificou-se em primeiro, e falou coisas como aquilo "foi como mágica" e etc. Em contrapartida estava Max Verstappen, que apesar de ter-se qualificado em segundo, demonstrou sentimentos de gratidão e felicidade dizendo que seu resultado foi excelente para a quantidade de problemas que ele teve durante a classificação. No dia seguinte, Hamilton venceu a corrida; e Max, em segundo, foi eleito o piloto favorito. Isso serve para mostrar que existem indicadores tão, ou mais importantes do que as próprias medalhas ou troféus.

Mais vale como você percorre o caminho ao pódio, do que o pódio em si. Até porque existem pessoas que são tão obcecadas pelas medalhas, fama, opinião dos outros que fazem uso de doping só para conseguí-las. Custe o que custar! A medalha não pode ser mais importante que o feito, e o feito não pode ser mais importante do que como foi feito! É por isso que sou contra a atitude de reivindicar que as medalhas da CBTE sejam sempre diferentes, desde que falando mal da instituição. São só pedaços de metal, podem ser quadrados, podem ser redondos, podem ser iguais aos dos anos anteriores, para quem realmente gosta de atirar isso não vai fazer diferença alguma! Quem atira pelo estado de arte, ou de fluxo não coloca a sua motivação em cima de bases tão frágeis quanto o modelo de medalha que pode vir a receber, se receber. O feito está acima das medalhas, e a glória está em como você percorreu o seu caminho, ganhando medalha ou não. Teve alegria ao percorrer o caminho, ou ficou aborrecido pelas adversidades? Tratou bem os seus colegas e técnicos, ou ficou querendo ser melhor que todos? Tratou bem as instituições e seus funcionários, ou ficou reclamando e falando mal de todos como se tu fostes o dono da verdade?

 

Rio de Janeiro, 29 de setembro de 2018.

Victor Bayma.

 

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Editado por Victor Bayma
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Boa noite Vitor,

Deixa eu lhe passar algumas informações,

Medalhas oferecidas na Final de 2017:

40 Provas ISSF

170 Provas Nacionais

21 Para Olímpicas

67 Rifle Internacional

Total de 298 medalhas, baseando pelas medalhas que compro para os torneios que faço que saem em torno de R$ 8,00 a 10,00 (com qualidade semelhantes)  fazemos as contas; suponhamos que cada medalha da CBTE chegue a R$ 30,00 cada,  perfaz um total de R$ 8940,00 e levando em consideração que as empresas cobram pela forma anualmente.

Obs: Sobras e praticamente inevitáveis, porem se fizer uma breve perspectiva esse fator é praticamente irrelevante, e caso falte algumas pode-se pedir para confeccionar sem maiores prejuízos para o evento e atleta.  

Ai vem a pergunta do membro do grupo Atletas CBTE,  que eu transcrevo o que entendi com "ponto de "Exclamação" e tudo (Porque não fazer um novo Layout para cada Ano?) se e necessário fazer novo layout, e se confirmado minhas estimativa, o custo não tão elevado. 

(fazendo referência ao comentário de um dos agentes) se "isso é falta de criatividade" (com três pontos de interrogação) e concluiu dizendo que "isso é desestimulante" (com três pontos de exclamação).

Antes mais! Respeito suas opiniões, porem não concordo com suas afirmativas, pois está baseando-se em suas percepções!

Todo o estudo e filosofia descrito por você, é de fato baseado na realidade vivida pelos atletas, e posso falar por experiencia própria trazemos os beneficies do esporte para vida cotidiana.

Então quando organizo os eventos preciso separar por tarefas, e parte delas está a confecção das medalhas, e é incrível (guardadas as proporções) como realizamos essas tarefas com a mesma dedicação que o esporte nos disciplinou, nesse momento me permita fazer uma apologia (vencer um grande evento toda a labuta, abnegação, obstinação, gana, e dor remanescem desconhecidas.é um trabalho árduo doloroso).

Todo tempo que dedicamos a algo temos em vista um objetivo, para alguns é a conquista de medalhas, porém ainda assim não podemos afirmar que uma ou outra pessoa valoriza mais o "Metal"  que a caminhada para coquista-lo. 

Entretanto, agradeço por mim e pelos nobres amigos do fórum, pelos seus comentários sobre autossabotagem.

Forte Abraço!

Evaldo Lucena

 

 

 

 

 

 

 

 

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Bom, não participo de competições, fora a OP aqui do forum, mas na pesca de praia, participei de muitas competições, tendo aqui minhas medalhas e troféus, que estão esquecidos em algum canto do depósitos de tralhas...

Foi bom enquanto participei, mas sempre dei mais valor a pescaria, ao convívio com os amigos, e a parte lúdica da atividade, talvez por isto não haja destaque aqui em casa para os troféus e medalhas. É muito bacana ganhar uma competição, mas a "febre" de vitórias nunca me acometeu. Já tive barco de pesca, mas vendi por entender que no curto espaço do final de semana, o tempo dispendido na atividade da pesca roubava tempo do convívio da família e amigos, que prezo mais do que qualquer atividade em solitário.

Atiro bastante, quase todos os dias, mas por períodos curtos, e já me dou por satisfeito, pois é um momento de introspecção, que me dá muito prazer.

Voltando ao assunto, e sendo esta minha exclusiva opinião, para mim, a medalha pode ser dourada, ou a tampa de uma lata de pelati, pois o mérito da vitoria está em mim e não naquele simbolo, e os que estavam ao meu redor sabem do fato e respeitam isto.

Sem polemicas, por favor, respeito a opinião de todos.

 

 

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Ola amigos

  Em primeiro lugar meu respeito,aos que tem o dom de escrever,com termos e colocações que nos da o prazer da leitura.Acredito que desde

que o mundo é mundo,todo aquele que concorre,disputa,pratica esportes ao final da jornada sua conquista é agraciada com uma medalha ou

um trofeu.Acredito que o feito vai ser lembrado,todas as vezes que alguem,seja familia ou amigos olhar para aquele mimo que foi ofertado.

Cada um de nós,tem o direito de pensar de uma maneira,e as mentes privelegiadas tem o poder de mudar,o curso da historia pois alcançam

um patamar de evolução nos pensamentos,que nem sempre póde ser absorvido pelos menos favorecidos desse dom.Quando criei a Atascs

junto com meus amigos,a primeira coisa que implantei,foi premiação de medalhas até o setimo lugar,justamente para prestigiar e motivar

os que estavam iniciando no esporte.Não conheço no meio nenhum atirador que não tivesse orgulo,de estar levando um trofeu ou uma simples

medalha depois de alguma conquista.A paixão pelo esporte embora seja maior,que qualquer coisa,ainda acredito.que a conquista seja oficializada

para os filhos,depois os netos,como o diploma do merito.

 

                                                                                                                   abraço  Borracha

Editado por Borracha
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